sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Tecidos e ecologia 1: Corantes

Oi pessoal! Como o MOB não é só um corpinho bonito, mas muito tutano e cuidado, hoje a gente começa uma série chamada "Tecidos e ecologia". Dia desses resolvi fazer uma pesquisa básica sobre os materiais que utilizo e seu impacto no nosso planeta azulzinho. A princípio fiquei meio chocado. Segundo os textos que eu li, a indústria têxtil é uma das mais poluentes do mundo, mas também tem notícia boa. Há hoje muitas pesquisas e investimentos para reduzir esse impacto ambienta, mas esse é papo para outro post. Hoje o assunto é corantes. "Prestenção" que o negócio é bem bacana.  

Para a produção de tecidos, um grande volume de água é utilizado, principalmente no processo de coloração das fibras. Os corantes e branqueadores podem ser de diferentes origens, mas se reúnem em dois grupos principais: orgânicos e sintéticos. 
Desde a antiguidade até o século XIX, os corantes orgânicos eram os únicos utilizados para a coloração de tecidos. Assim, substâncias animais como aquela "tinta" que o polvo e a lula expelem como defesa, moluscos, insetos, madeiras, folhas, flores, frutas, sementes e uma outra infinidade de materiais extraídos da natureza possibilitavam que homens e mulheres cobrissem seus corpos com trajes coloridos. Vale lembrar, nessa história toda, que o nosso pau-brasil foi largamente utilizado nesse processo para criar nobilíssimos tecidos vermelhos. 



Quando a Revolução Industrial eclodiu na Inglaterra, surgiu a necessidade de aprimorar a produção têxtil, uma vez que essa indústria era um dos pilares mais sólidos da tal "revolução". Envolvido nas pesquisas, uma rapaz chamado William Perkin lançou em 1856 o primeiro corante sintético do qual se ouviu falar. Com base orgânica, o corante mauveína dava aos tecidos um tom de roxo vibrante. Logo se tornou um hit, uma vez que esses tons sempre foram muito valorizados, mas bastante difíceis de conseguir. 


Outro tom que os produtores de tecido sempre perseguiram foi o branco mais alvo possível. A indústria têxtil também classifica como corante os elementos branqueadores, comumente conhecido no ramo como branqueadores óticos, o que já nos dá um indício de como esse processo funciona. Ao longo da história, muitos produtos  e combinações químicas foram utilizadas para clarear as fibras. Entretanto, o princípio do processo é o mesmo desde que surgiu a necessidade de um tecido branco: aplicação de substâncias sobre a fibra que, ao regirem com a luz ultravioleta, produzem fluorescência.
Esses corantes são, na maioria das vezes, hidrossolúveis, ou seja, são dissolvidos em água. E é aqui que mora o perigo.  



Assim como os corantes são variados, os processos de tingimento ou branqueamento bem como os níveis de capacidade de absorção de pigmento pelas fibras são diversos. Em geral, de 8 a 40% dos pigmentos são descartados. Sem o tratamento adequado, ao retornar ao meio ambiente, a água utilizada durante a coloração pode causar sérios problemas. Ao contaminar cursos d'água, os pigmentos podem interferir na penetração dos raios solares no ambiente aquático e comprometer a vida ali. 
Vale ainda ressaltar que, se a fonte d'água contaminada for potável, nós humanos também ficamos ameaçados. O contanto com a pele pode trazer inflamações e reações alérgicas. Todavia, o perigo maior está na ingestão. Alguns desses corantes podem ser letais se ingeridos, e muitos desses são cancerígenos. 



Mas calma! Eu não disse que tinha notícia boa?! Desde os anos 1970 progressivas medidas e determinações vêm sendo desenvolvidas para minorar esses impactos. De lá pra cá mais de 3.000 corantes já foram retirados do mercado mundial por serem altamente nocívos para o meio ambiente. Não obstante, órgãos reguladores também andam fechando o cerco à poluição da indústria têxtil. No Brasil, por exemplo, haja vista a importância da produção de fibras naturais e do couro para o PIB, já há uma longa lista de exigências para as empresas do ramo. Evidentemente que a fiscalização é outra história, mas pelo menos a lei existe! 
Já deu pra acalmar, né?! Só que tem mais notícia boa. Rá!
Muitos órgãos ligados à indústria têxtil e aos produtores de corantes estão empenhados no desenvolvimento de técnicas de tratamento da água que é descartada. Atualmente, os esforços têm se concentrado na produção de corantes biodegradáveis e na decomposição dos resíduos através de microrganismos antes mesmo da água deixar as fábricas. Os níveis de pureza da água devolvida ao meio ambiente vêm melhorando, paulatinamente, embora ainda haja muito trabalho pela frente. 
Legal, né?! Agora a gente já pode desfilar por aí com tecidos super bacanas e com a consciência mais tranquila. 

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